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Adultização da Criança e do Adolescente: o peso de crescer antes do tempo.

  • Foto do escritor: Luciane Frazão
    Luciane Frazão
  • 28 de ago.
  • 3 min de leitura

Recentemente, o tema da adultização infantil invadiu as residências num formato de denúncia contida. A participação das redes sociais como instrumento de transmissão das diferentes formas de violência contra a criança e o adolescente trouxeram uma ampla discussão sobre o tema.


Importante ressaltar que, quando estamos falando da adultização de crianças e adolescentes, estamos nos referindo a um processo de fazer com que o indivíduo tenha experiências que não são apropriadas para a sua faixa etária. Essas experiências estão relacionadas a comportamentos, responsabilidades e, principalmente, a exploração do corpo.


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Esse tema não é totalmente uma novidade, pois um comportamento que é recorrente é o trabalho infantil. Em nosso país, principalmente em áreas com famílias em situação de vulnerabilidade, a imposição de responsabilizar a criança ou adolescente pelo sustento da família faz com que esse indivíduo necessite estar em subempregos. A exploração do trabalho infantil é foco de inúmeros eventos que objetivam defender o espaço da infância para o desenvolvimento humano. Ao perder a possibilidade de vivenciar situações advindas da infância, esse indivíduo crescerá com inúmeras lacunas no seu processo de desenvolvimento. O espaço do brincar, por exemplo, é muito importante para o desenvolvimento de habilidades cognitivas, emocionais, motoras e sociais que serão necessárias para o resto da vida.


Outro aspecto da adultização que acaba por envolver principalmente o gênero feminino pode ser percebido por conta do vestuário e a utilização de produtos que diminuem a suavidade da infância. Quando se observa a oferta das roupas que existem hoje no mercado, é possível perceber que boa parte do design é uma miniatura das roupas das mulheres adultas. A maioria do vestuário feminino é composta por peças que enaltecem o corpo feminino e ajudam a formar um quadro de erotização.


A exploração sexual de crianças e adolescentes acaba por impulsionar uma indústria paralela, o que movimenta altas cifras, muitas das vezes sem nem o indivíduo perceber. No caso do adolescente, o seu desejo de pertencer a um grupo, de ser aceito pode deflagrar um comportamento conivente com a exploração que vem sofrendo.


Como doutora em Educação, pesquisadora do desenvolvimento humano e psicopedagoga, gostaria de chamar a atenção para aspectos desses comportamentos que precisam do acompanhamento familiar e a devida intervenção como medida protetiva e reparadora, a depender da situação.


Quando uma criança ou adolescente é exposto ao processo de adultização, as consequências para a saúde mental são enormes, envolvendo autoestima e uma distorção da realidade. Como profissional com mais de 30 anos de atuação com pessoas com deficiência, destaco o compromisso com a divulgação de materiais acessíveis, uma vez que o público de pessoas com deficiência pode ainda ter maior vulnerabilidade nesse processo por maior dificuldade de compreensão das situações vividas.


O acesso à informação e a orientação parental são pontos primordiais para a mudança do quadro. Por meio de ações coordenadas, muitas crianças e adolescentes têm aprendido a autodefesa e movimentado as redes sociais em prol da coletividade.


Luciane Frazão

Pós Doutora em Educação pela University of California.

Doutora em Educação pela University of California, pesquisadora do Observatório Interdisciplinar de Educação Especial, Inclusiva e Diversidades/PPGE-UniLogos.

Observatório Interdisciplinar _ Teoria e Prática na Formação de Professores/PPGE-UniLogos.

Professora Associada da Logos University.

Professora do Instituto IEPSIS _ Instituto de Educação e Pesquisa em Saúde e Educação.

Especialista em Atendimento Educacional Especializado

Psicopedagoga CBO 2394-25 CRPp 638

Consultora em Diversidade, Acessibilidade e Inclusão

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