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Asperger e o desafio invisível: inteligência preservada, emoções em conflito

  • Foto do escritor: Luti Christóforo
    Luti Christóforo
  • 5 de set.
  • 2 min de leitura

Por Luti Christóforo – Psicólogo


Muitas vezes, quando se fala em autismo, ainda se imagina apenas quadros mais visíveis, com dificuldades significativas de fala, socialização ou autonomia. Mas existe um grupo de pessoas dentro do espectro que por muito tempo passou despercebido: aquelas com diagnóstico de Síndrome de Asperger, hoje reconhecida como autismo nível 1.


Essas pessoas geralmente possuem inteligência preservada, conseguem concluir estudos, trabalhar e até manter relacionamentos, mas enfrentam um mundo interno cheio de desafios que poucos percebem. O esforço para se adaptar socialmente, interpretar ironias, ler expressões faciais ou lidar com mudanças inesperadas pode ser imenso. E como externamente parecem “funcionais”, suas dificuldades muitas vezes são invalidadas ou vistas como “frescura”.


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Na clínica, acompanhei o caso de um jovem adulto que sempre foi chamado de “gênio” pela família, por causa de sua memória excepcional e interesse profundo por determinadas áreas do conhecimento. No entanto, ele carregava uma dor silenciosa: nunca se sentia compreendido nos relacionamentos, era alvo de críticas por parecer frio ou distante e sofria crises de ansiedade quando sua rotina era quebrada. O diagnóstico tardio de Asperger não apenas trouxe um alívio, mas também abriu um caminho para que ele pudesse se reconhecer e se aceitar.


Essa experiência clínica mostra como o sofrimento de quem tem Asperger não está apenas nas características do espectro, mas também no impacto da exclusão, da incompreensão e do julgamento social. O paciente, como tantos outros, não precisava “aprender a ser normal”, mas sim encontrar espaços onde pudesse ser aceito como é, com suas particularidades.


A psicologia nos ensina que autoconhecimento e aceitação são fundamentais nesse processo. É preciso que a sociedade compreenda que a diferença não é defeito, e que pessoas com Asperger podem ter vidas plenas, produtivas e ricas em afeto, desde que não sejam forçadas a usar máscaras o tempo todo.


O acolhimento começa no ambiente familiar e se estende à escola, ao trabalho e aos relacionamentos. E, sobretudo, nasce da disposição de ouvir sem pressa, compreender sem julgamento e conviver sem a expectativa de que todos funcionem da mesma forma.


Luti Christóforo

Psicólogo clínico.

WhatsApp: (41) 99809-8887

Instagram: @luti.psicologo

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