Desafios na Comunicação entre Escola e Famílias: um olhar psicossistêmico e inclusivo
- Bernadete Moraes
- há 2 dias
- 2 min de leitura
Por Bernadete Moraes
A relação entre escola e família é um dos pilares para o desenvolvimento saudável das crianças — especialmente quando falamos de crianças neurodivergentes, que precisam ainda mais de segurança emocional, clareza nas relações e um ambiente de confiança mútua.
Porém, nem sempre essa comunicação acontece de forma fluida. Pais e professores, muitas vezes, se encontram em lados distintos: um lado que exige, outro que se defende. Um lado que cobra resultados, o outro que busca ser compreendido.

Depois de décadas atuando na educação e na saúde emocional, percebo que grande parte desses conflitos nasce de padrões inconscientes, crenças familiares e falhas sistêmicas de comunicação. E é aí que o Método Psicossistêmico, que desenvolvi, se torna um caminho de transformação.
Escola e família fazem parte do mesmo sistema
Na abordagem psicossistêmica, enxergamos escola e família como partes de um mesmo sistema — e todo sistema busca equilíbrio. Quando há exclusão, desorganização ou desrespeito às ordens naturais das relações, surgem os conflitos.
Inspirada nas Leis do Amor, de Bert Hellinger, costumo olhar para três pontos essenciais que impactam diretamente a comunicação entre escola e família:
✅ Hierarquia: cada um precisa ocupar seu lugar. Quando o professor se posiciona com firmeza e empatia, e os pais confiam nesse lugar, a criança se sente protegida e livre para aprender.
✅ Pertencimento: todos devem se sentir incluídos — especialmente aqueles que, muitas vezes, foram excluídos emocional ou simbolicamente (como cuidadores, mães atípicas, alunos com comportamentos desafiadores).
✅ Equilíbrio: quando há troca, cooperação e respeito entre todos, o sistema se fortalece
O impacto para crianças neurodivergentes
Para crianças neurodivergentes, essa harmonia é ainda mais necessária. Muitas vezes, elas captam o que não é dito, sentem o desconforto entre os adultos e reagem com comportamentos que são mal interpretados.
Por isso, é fundamental que pais e educadores estabeleçam uma comunicação afetiva e respeitosa, onde haja mais escuta e menos julgamento.
Quando os adultos se colocam em seus lugares, com verdade e acolhimento, a criança sente que pode confiar. E onde há confiança, há aprendizado.
Conclusão
Comunicar é mais do que falar — é incluir, escutar, validar e pertencer.
Quando aplicamos o olhar psicossistêmico nas escolas e nas relações familiares, construímos uma base mais sólida para o desenvolvimento emocional e cognitivo de todas as crianças — respeitando sua história, seu tempo e sua singularidade.
E quando o sistema se organiza, a criança floresce. Sempre.
Bernadete Moraes
Psicanalista, educadora, autora e criadora do Método Psicossistêmico.
Autora do livro “Pare de Mentir para Si Mesmo” (Editora Gente, 2025), com foco em autossabotagem, lealdades familiares inconscientes e saúde emocional.
Instagram: @bernadetemoraesoficial