Entre o silêncio e a explosão: a dificuldade de regular emoções na neurodivergência
- Luti Christóforo

- 26 de ago.
- 2 min de leitura
Por Luti Christóforo – Psicólogo
Para muitas pessoas neurodivergentes, as emoções não chegam em tons suaves, mas em volumes extremos. É como se o mundo interno fosse feito de intensidades, em que sentimentos podem ser contidos em silêncios profundos ou se manifestar em explosões repentinas. Essa oscilação não é sinal de desequilíbrio moral, mas reflexo de um funcionamento neurológico que percebe e reage de maneira mais sensível.
Do ponto de vista clínico, a dificuldade de regulação emocional é um dos desafios mais marcantes para quem convive com TDAH, autismo ou outras condições do espectro da neurodivergência. Não se trata de não sentir, mas de sentir demais. Não é falta de esforço, é uma dificuldade genuína de organizar o que acontece dentro do próprio corpo e mente.

Na prática, isso pode se manifestar em crises de choro, acessos de raiva, ansiedade paralisante ou até na necessidade de se isolar completamente. O que muitas vezes é interpretado pelos outros como “birra”, “drama” ou “falta de controle” é, na verdade, um pedido silencioso por compreensão e suporte.
A psicologia entende que regular emoções não é simplesmente “controlar-se”, mas construir recursos internos e externos para lidar com as intensidades. Recursos internos incluem técnicas de respiração, estratégias de autoconsciência e psicoterapia. Recursos externos passam por ambientes mais acolhedores, relações que validam sentimentos e espaços onde não seja necessário usar máscaras o tempo todo.
É essencial também que a própria pessoa aprenda a não se culpar por sentir intensamente. A autocompaixão é parte fundamental desse processo. Reconhecer a própria vulnerabilidade, permitir-se pedir ajuda e compreender que oscilar faz parte do funcionamento humano é libertador.
Entre o silêncio e a explosão, existe um espaço possível de equilíbrio. Esse espaço não nasce da repressão, mas da aceitação e do cuidado. Com suporte adequado, a pessoa neurodivergente pode aprender a transformar a intensidade das emoções em uma força, e não em um fardo.
Luti Christóforo
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