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Neurodivergência e mercado de trabalho: entre o potencial e o preconceito

  • Foto do escritor: Luti Christóforo
    Luti Christóforo
  • 6 de out.
  • 2 min de leitura

Por Luti Christóforo – Psicólogo


Falar sobre neurodivergência no ambiente profissional é falar sobre inclusão real, e não apenas sobre discursos prontos em datas específicas. Ainda que as empresas venham adotando políticas de diversidade, o universo da neurodivergência continua cercado por estigmas, falta de preparo e uma incompreensão profunda sobre o funcionamento de pessoas que pensam, sentem e produzem de forma diferente.


Na clínica, atendi uma paciente com diagnóstico de TDAH que havia sido demitida de três empregos em menos de dois anos. Ela me dizia: “Eu começo empolgada, dou ideias, trabalho muito, mas depois dizem que eu sou desorganizada e dispersa.” Ao aprofundar o caso, ficou claro que seu desempenho não era ruim, mas que as empresas não sabiam lidar com sua forma de trabalhar; mais criativa, espontânea e intuitiva, porém menos linear. Ela precisava de estrutura e apoio, e não de punição.


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Esse exemplo ilustra o que muitos profissionais neurodivergentes enfrentam: a dificuldade de serem avaliados por parâmetros que não reconhecem suas diferenças. Um ambiente de trabalho padronizado, competitivo e inflexível acaba desperdiçando talentos valiosos por não oferecer as adaptações necessárias.


É importante lembrar que a neurodivergência não é sinônimo de limitação. Pessoas com TDAH, autismo, dislexia, dispráxia ou altas habilidades possuem formas singulares de pensar e resolver problemas. Muitas têm raciocínio rápido, criatividade elevada, memória detalhada ou capacidade de hiperfoco em assuntos de interesse. O desafio está em transformar essas características em força, em vez de enxergá-las como obstáculo.


A psicologia organizacional e clínica podem caminhar juntas nesse processo, ajudando o profissional a desenvolver autoconhecimento e autorregulação emocional, e ajudando as empresas a construir culturas mais empáticas e adaptativas. Inclusão não se faz apenas com oportunidades, mas com compreensão.


Treinamentos de sensibilização, ambientes flexíveis, comunicações mais claras e feedbacks estruturados são pequenas mudanças que fazem grande diferença. Um funcionário neurodivergente pode se destacar imensamente quando encontra espaço para ser autêntico, sem precisar gastar energia tentando parecer alguém que não é.


O futuro do trabalho precisa ser plural. Não há inovação sem diversidade cognitiva. Quando o mercado aprender a olhar para as diferenças não como um problema, mas como fonte de criatividade e inteligência coletiva, todos ganham: as pessoas, as empresas e a sociedade.


Luti Christóforo

Psicólogo clínico.

WhatsApp: (41) 99809-8887

Instagram: @luti.psicologo

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