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O esgotamento emocional na neurodivergência: o corpo que fala quando a mente já não aguenta

  • Foto do escritor: Luti Christóforo
    Luti Christóforo
  • 13 de out.
  • 2 min de leitura

Por Luti Christóforo – Psicólogo


Há um tipo de cansaço que não melhora com o sono. Um esgotamento que não vem de esforço físico, mas de uma batalha silenciosa entre o que se é e o que o mundo exige ser. Esse é o cansaço emocional que muitas pessoas neurodivergentes carregam, e que, muitas vezes, é confundido com preguiça, desânimo ou falta de foco.


Na psicologia, chamamos isso de burnout emocional, um colapso interno que acontece quando o sujeito ultrapassa os próprios limites para tentar se adequar a contextos que o rejeitam em sua essência. Para quem vive com TDAH, autismo, dislexia ou outros perfis neurodivergentes, o preço da adaptação forçada é alto. É o custo de mascarar o desconforto, silenciar o cansaço e sorrir enquanto o corpo pede pausa.


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Na clínica, atendi uma paciente autista que descreveu de forma contundente: “Sinto como se eu fosse um celular que nunca carrega completamente, e todo dia o mundo me exige bateria cheia”. Essa frase traduz o sentimento de muitos pacientes neurodivergentes, o de viver em permanente estado de compensação, tentando parecer funcional enquanto enfrentam sobrecarga sensorial, ansiedade e culpa.


O esgotamento emocional é o corpo pedindo escuta. Ele se manifesta em insônia, irritabilidade, apatia, crises de choro, perda de prazer e dificuldade de concentração. O problema é que, em uma sociedade que valoriza a produtividade acima do bem-estar, esses sinais são ignorados até que o colapso se torna inevitável.


A psicologia ensina que a mente fala através do corpo quando a palavra não encontra espaço. Por isso, o tratamento começa no reconhecimento do próprio limite. Aprender a descansar sem culpa, dizer não sem medo e pedir ajuda sem vergonha são atos terapêuticos de coragem.


É preciso desconstruir a ideia de que “funcionar bem” significa estar sempre ativo. Funcionar bem é respeitar os próprios ritmos. É entender que pausas não são falhas, são estratégias de sobrevivência emocional.


O papel do psicólogo é ajudar o paciente a reconectar-se consigo mesmo, resgatar o direito de existir sem precisar performar eficiência o tempo todo. Acolher sua forma de sentir, suas pausas, sua sensibilidade e suas dores. Porque o esgotamento não é sinal de fraqueza, é um pedido de ajuda, e todo pedido de ajuda é um gesto de força.


Luti Christóforo

Psicólogo clínico.

WhatsApp: (41) 99809-8887

Instagram: @luti.psicologo

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