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O que é ser neurodivergente além dos rótulos clínicos?

  • Foto do escritor: Luti Christóforo
    Luti Christóforo
  • 3 de jun.
  • 2 min de leitura

Atualizado: 4 de jun.


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Durante muito tempo, ser “neurodivergente” era uma condição que precisava caber

perfeitamente em manuais diagnósticos, critérios clínicos e protocolos padronizados. Mas a verdade é que, para quem vive isso de dentro, a experiência da neurodivergência vai muito além de qualquer rótulo técnico.


Ser neurodivergente não é apenas ter TDAH, TEA, dislexia, transtorno do processamento sensorial ou outro diagnóstico. É pensar de forma diferente. Sentir de forma intensa. Reagir ao mundo de uma maneira que, muitas vezes, incomoda aos que esperam comportamentos “normais”. É viver constantemente entre o esforço de se adaptar e a urgência de ser autêntico.


É comum que pessoas neurodivergentes tenham passado boa parte da vida se sentindo estranhas, inadequadas, deslocadas. Algumas foram chamadas de “difíceis”, “preguiçosas”, “distraídas”, “exageradas”, “incomodadas demais”. Mas não se tratava de falhas de caráter. Era o cérebro funcionando de outro jeito. E isso, por si só, não é defeito. É diferença.

O problema é que vivemos em uma sociedade construída para cérebros normativos, lineares, previsíveis. Quem sai desse molde não apenas precisa fazer esforço extra para pertencer, mas muitas vezes acaba carregando culpas e vergonhas que nem deveriam existir.


Ser neurodivergente é viver intensamente o que para os outros passa despercebido. É enxergar o detalhe e, às vezes, esquecer o óbvio. É ter explosões de criatividade entre lapsos de memória. É ser brilhante em algo e tropeçar no que parece simples. E mais do que isso: é precisar, a vida inteira, lutar pelo direito de ser compreendido.


Por isso, é preciso ressignificar o termo “neurodivergente”. Ele não deve ser usado apenas para identificar disfunções ou limitações. Deve, acima de tudo, ser uma forma de reconhecimento da pluralidade humana. Um convite à empatia, à adaptação mútua e à inclusão real, aquela que não exige que você esconda sua essência para ser aceito.



Ninguém deveria precisar se mutilar emocionalmente para caber em uma estrutura que foi construída sem levar sua mente em consideração. E é justamente por isso que precisamos ampliar esse debate. Para que crianças neurodivergentes não cresçam acreditando que são erradas. Para que adultos que nunca foram diagnosticados deixem de se culpar por uma vida inteira de mal-entendidos. Para que sejamos, enfim, uma sociedade onde diferenças não se traduzem em exclusões.


Ser neurodivergente, no fundo, é ser humano de um jeito corajoso. Porque não é fácil ser diferente num mundo que exige semelhança. Mas é justamente essa diferença que pode transformar o mundo, se ela for respeitada, valorizada e acolhida.


Luti Christóforo

Psicólogo clínico.

WhatsApp: (41) 99809-8887

Instagram: @luti.psicologo

 
 
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